Momentos

Há momentos em que as palavras perdem completamente o significado e por mais que eu queira dar-lhes alguma vida, não consigo vesti-las da clareza necessária. Por conta disso, elas ficam ocas. Curtas e vazias. Nascem pequenas e reduzidas à simples manchas em paginas brancas que eu teimo em rabiscar para apagar em seguida, deixando-as amontoadas no meu coração angustiado que ampara as minhas sensações nesse momento. Escrevo, leio e releio, tentando encontrar uma palavra simples para traduzir esses sentimentos: não encontro. Então penso que não deveria ser tão difícil transcrever o que o coração nos diz, a cada batimento. Mas é! A alma da gente parece presa, suspensa numa sensação exata do instante em que se fez essa agonia. O silêncio ecoa nas pontas dos dedos e as páginas vão sendo tingidas de uma ausência sentida e muito dolorida. Nada pode traduzir o que vai pela alma quando tentamos procurar uma rima para “sorriso”, “carinho”, “saudade” ou qualquer outra expressão que grite pelo que nos é importante. E é essa importância que não me permite desistir de contar meus sentimentos nas palavras que rabisco, tendo elas qualidade ou não, afinal, conheço o amor, confio na vida e não vou desacreditar, assim como não vou abrir mão de esperar pelo momento em que um sonho vier de novo iluminar a noite sobre mim, acendendo cada estrela para que eu volte a contá-las num “bem-me-quer” interminável fazendo com que minhas palavras borbulhem para fora do meu peito atropelando todo e qualquer vestígio de tristeza deixando fluir a minha fé no amor, cantando e contando poesias. E aí sim, eu terei de volta as sílabas que irão construir cada gesto e cada olhar dessa minha história, porque acredito acima de todas as coisas, que o coração e o papel agem de maneira sublime, quando cúmplices: um sente e dita todas as regras enquanto o outro, submisso e encantado, permite-se escrever...



Nenhum comentário: